Por: Daniela Passos dos Santos.
Em entrevista coletiva no último dia 24 de agosto, Marcos Oliveira, atual diretor da Companhia de Teatro Cidadão de Papel e Marli Sousa, também integrante do grupo e ganhadora do prêmio de melhor atriz pelo Festival de Teatro Ipitanga, falam sobre o espetáculo “Fome” e seu engajamento nas questões socioculturais.
O Espetáculo, inicialmente ensaiado no bairro de Itapuã, na laje da casa de Leandro Rocha, membro do grupo que trabalha na preparação de atores, no figurino, na cenografia e na criação de projetos, hoje possui um reconhecimento significativo.
Baseando-se no livro do jornalista e escritor Gilberto Dimenstein, o grupo, em seu espetáculo, cujo palco é o Centro de Cultura São Braz em Plataforma, subúrbio ferroviário de Salvador, chama a atenção para problemas como o preconceito racial, as disparidades na distribuição de renda e o consumismo exacerbado.
Formado por jovens preocupados com problemas sociais que afligem não somente a sociedade brasileira, mas grande parte do mundo, o grupo teatral busca através da arte aguçar o sentimento de repúdio às desigualdades, o que lhes proporcionou o recebimento de um “prêmio especial”, no Festival de Ipitanga (Ba) pela mobilização social. “A princípio, o grupo encontrava dificuldade em ser respeitado, em nos valorizarem, mas assim que nos dão a oportunidade, vêem que somos capazes”, conta Marli.
Problema financeiro não é algo que inibe o grupo, que continua perseguindo seus objetivos - inserção social de jovens no mundo das artes e da cidadania. Prova disso é a “moeda de acesso” à apresentação de “Fome”: um quilo de alimento não-perecível, que, segundo Marcos, serão repassados para os moradores mais carentes do Bairro, que até o dia 15 de setembro, sedia o espetáculo.
Mas esse “trabalho filantrópico”, para Oliveira, é motivo de preocupação. È a primeira vez que eles trabalham com doações de alimentos e isso lhes causa certo receio em acabar fazendo assistencialismo, acreditam que doar coisas materiais é menos significativo que transmitir cultura através do teatro.
Para Marcos, um dos maiores obstáculos que encontram é o fraco incentivo à apreciação das artes: “É necessário incentivo de consumo a produtos culturais e uma maior divulgação das criações artísticas além de apoio aos artistas”, explicita Marcos.
Por essas e outras razões Marli desabafa dizendo: “Não há apenas como viver de teatro. É preciso batalhar muito e isso é um tanto complicado. Às vezes, somos obrigados a abdicar da paixão por essa arte em função das necessidades”.
Ainda segundo o jovem diretor, há muitos grupos que fazem teatro apenas para ganhar dinheiro, o que afirma não ser o seu caso. Para ele, se alguém sabe fazer algo bom, deve usar sua capacidade para ajudar outras pessoas e não apenas para benefício próprio.
Oliveira expõe não receber os mesmo incentivos do início e possuir certa independência, por isso, de todo e qualquer dinheiro adquirido 15% vai para a “manutenção” da Companhia e o restante é dividido em partes iguais entre seus integrantes.
O grupo, que parece possuir grande admiração pelas obras do escritor, atualmente trabalha em um projeto que envolve outro livro de Dimenstein “Meninas da Noite”, onde o mesmo aborda a prostituição infantil no Norte-Nordeste brasileiro. A ligação com Gilberto começou em 1999 e cresceu a ponto de o jornalista doar parte dos direitos autorais de seu livro, cujo nome “O Cidadão de Papel”, foi escolhido também para intitular a Companhia de Teatro. Além disso, de acordo com Marcos, sempre que o escritor vinha a Salvador, durante suas palestras, sempre lhes dava a oportunidade para que os jovens artistas pudessem se apresentar. Isso lhes proporcionou serem conhecidos e reconhecidos por um maior números de pessoas.
A fome de que os jovens cidadãos tratam não é apenas a necessidade fisiológica, mas uma fome em consumir, em possuir ambições que jamais são saciadas, uma sensação que torna os seres humanos cegos e indiferentes aos problemas dos outros. No final das apresentações a frase “Você tem fome de quê?” deixa um espectro no ar.
Em entrevista coletiva no último dia 24 de agosto, Marcos Oliveira, atual diretor da Companhia de Teatro Cidadão de Papel e Marli Sousa, também integrante do grupo e ganhadora do prêmio de melhor atriz pelo Festival de Teatro Ipitanga, falam sobre o espetáculo “Fome” e seu engajamento nas questões socioculturais.
O Espetáculo, inicialmente ensaiado no bairro de Itapuã, na laje da casa de Leandro Rocha, membro do grupo que trabalha na preparação de atores, no figurino, na cenografia e na criação de projetos, hoje possui um reconhecimento significativo.
Baseando-se no livro do jornalista e escritor Gilberto Dimenstein, o grupo, em seu espetáculo, cujo palco é o Centro de Cultura São Braz em Plataforma, subúrbio ferroviário de Salvador, chama a atenção para problemas como o preconceito racial, as disparidades na distribuição de renda e o consumismo exacerbado.
Formado por jovens preocupados com problemas sociais que afligem não somente a sociedade brasileira, mas grande parte do mundo, o grupo teatral busca através da arte aguçar o sentimento de repúdio às desigualdades, o que lhes proporcionou o recebimento de um “prêmio especial”, no Festival de Ipitanga (Ba) pela mobilização social. “A princípio, o grupo encontrava dificuldade em ser respeitado, em nos valorizarem, mas assim que nos dão a oportunidade, vêem que somos capazes”, conta Marli.
Problema financeiro não é algo que inibe o grupo, que continua perseguindo seus objetivos - inserção social de jovens no mundo das artes e da cidadania. Prova disso é a “moeda de acesso” à apresentação de “Fome”: um quilo de alimento não-perecível, que, segundo Marcos, serão repassados para os moradores mais carentes do Bairro, que até o dia 15 de setembro, sedia o espetáculo.
Mas esse “trabalho filantrópico”, para Oliveira, é motivo de preocupação. È a primeira vez que eles trabalham com doações de alimentos e isso lhes causa certo receio em acabar fazendo assistencialismo, acreditam que doar coisas materiais é menos significativo que transmitir cultura através do teatro.
Para Marcos, um dos maiores obstáculos que encontram é o fraco incentivo à apreciação das artes: “É necessário incentivo de consumo a produtos culturais e uma maior divulgação das criações artísticas além de apoio aos artistas”, explicita Marcos.
Por essas e outras razões Marli desabafa dizendo: “Não há apenas como viver de teatro. É preciso batalhar muito e isso é um tanto complicado. Às vezes, somos obrigados a abdicar da paixão por essa arte em função das necessidades”.
Ainda segundo o jovem diretor, há muitos grupos que fazem teatro apenas para ganhar dinheiro, o que afirma não ser o seu caso. Para ele, se alguém sabe fazer algo bom, deve usar sua capacidade para ajudar outras pessoas e não apenas para benefício próprio.
Oliveira expõe não receber os mesmo incentivos do início e possuir certa independência, por isso, de todo e qualquer dinheiro adquirido 15% vai para a “manutenção” da Companhia e o restante é dividido em partes iguais entre seus integrantes.
O grupo, que parece possuir grande admiração pelas obras do escritor, atualmente trabalha em um projeto que envolve outro livro de Dimenstein “Meninas da Noite”, onde o mesmo aborda a prostituição infantil no Norte-Nordeste brasileiro. A ligação com Gilberto começou em 1999 e cresceu a ponto de o jornalista doar parte dos direitos autorais de seu livro, cujo nome “O Cidadão de Papel”, foi escolhido também para intitular a Companhia de Teatro. Além disso, de acordo com Marcos, sempre que o escritor vinha a Salvador, durante suas palestras, sempre lhes dava a oportunidade para que os jovens artistas pudessem se apresentar. Isso lhes proporcionou serem conhecidos e reconhecidos por um maior números de pessoas.
A fome de que os jovens cidadãos tratam não é apenas a necessidade fisiológica, mas uma fome em consumir, em possuir ambições que jamais são saciadas, uma sensação que torna os seres humanos cegos e indiferentes aos problemas dos outros. No final das apresentações a frase “Você tem fome de quê?” deixa um espectro no ar.
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